5 Livros de escritores e escritoras da América do Norte
#9 Baú dos Livros
Depois da América do Sul, regresso para continuar a viajar a partir da leitura. Nesta ronda, partimos para a América do Norte, e porque apenas constam 3 países independentes na lista da América do Norte, resolvi escolher títulos de territórios deste continente (não necessariamente países soberanos), assim apresento abaixo cinco sugestões para Gronelândia, Canadá, Alasca, EUA e México.
Crimson (2014), Niviaq Korneliussen
HOMO sapienne (título original em Gronelandês)
Ficção
Niviaq Korneliussen é uma escritora gronelandesa de 27 anos considerada um ponto de viragem na história literária da ilha do Ártico.
O romance de Korneliussen conta a história de um grupo de amigos que vive na moderna Nuuk, capital da Groenlândia. As lutas e preocupações dos cinco jovens narradores em Crimson - desde a busca pela identidade e pertença, álcool, amizade e sexo - podem ser familiares aos millennials do mundo ocidental, mas este romance tem traços do estilo negro que caracteriza a literatura nórdica. Crimson é escrito com imensa coragem, num estilo direto, intransigente, sem vaidade e às vezes bem-humorado. Não é possível esconder a honestidade de cada página e a dor palpável da autodescoberta na juventude e da busca de um lugar onde pertencer.
Chamavam-lhe Grace (1996), Margaret Atwood
Alias Grace (título original em Inglês)
Ficção
Margaret Atwood é a mais celebrada autora canadiana e publicou mais de quarenta livros de ficção, poesia e ensaio, tendo recebido diversos prémios literários ao longo da sua carreira.
Alias Grace é um romance primoroso. Segue um estilo de escrita arrebatador e vibrante sem nunca nos enfastiar. Publicado originalmente em 1996, Alias Grace (no seu título original), transporta o leitor para o Canadá do séc. XIX, baseando o seu enredo em factos reais. Em 1843, a verdadeira Grace Marks e o verdadeiro James McDermott eram condenados à morte pelo assassinato de Thomas Kinnear e da sua governanta Nancy Montgomery. Este é o ponto de partida do romance de Atwood. Ler a minha opinião completa aqui.
* Alternativas: The Orenda, de Joseph Boyden | Anne of the Green Gables, de L.M. Montgomery
The Snow Child (2012), Eowyn Ivey
Ficção
Eowyn Ivey criada no Alasca e lá residente surge como uma das mais recentes figuras do panorama literário norte-americano e, em especial, pelo seu romance debute no qual retrata a tensão entre ser humano e natureza no maior e menos povoado Estado dos EUA.
The Snow Child foi finalista do Prêmio Pulitzer de ficção e um best-seller internacional, mas embora seja baseado num conto folclórico, este não é nem um conto de fadas nem uma história sentimental. Passado no Alasca de 1920, a história de The Snow Child um casal de fazendeiros de meia-idade, sem filhos e recém chegados ao território. As dificuldades aumentam, bem como o desespero e a solidão. É assim que aparece Faina, uma criança feita a partir da neve e que ganha vida, e que o casal aprende a amar como uma filha.
* Alternativas: Ada Blackjack: A True Story of Survival in the Arctic, de Jennifer Niven | Apelo da Selva, de Jack London
Mataram a Cotovia (1960), Harper Lee
To Kill a Mockingbird (título original em Inglês)
Ficção
Situado em Maycomb, uma pequena cidade imaginária do Alabama, durante a Grande Depressão, o romance de Harper Lee, vencedor do Prémio Pulitzer, em 1961, fala-nos do crescimento de uma rapariga numa sociedade racista. Scout, a protagonista rebelde e irónica, é criada com o irmão, Jem, pelo seu pai viúvo, Atticus Finch. Ele é um advogado que lhes fala como se fossem capazes de entender as suas ideias, encorajando- -os a refletirem, em vez de se deixarem arrastar pela ignorância e o preconceito. Atticus vive de acordo com as suas convicções.
É então que uma acusação de violação de uma jovem branca é lançada contra Tom Robinson, um dos habitantes negros da cidade. Atticus concorda em defendê-lo, oferecendo uma interpretação plausível das provas e preparando-se para resistir à intimidação dos que desejam resolver o caso através do linchamento. Quando a histeria aumenta, Tom é condenado e Bob Ewell, o acusador, tenta punir o advogado de um modo brutal. Entretanto, os seus dois filhos e um amigo encenam em miniatura o seu próprio drama de medos, centrado em Boo Radley, uma lenda local que vive em reclusão numa casa vizinha.
Pedro Páramo (1955), Juan Rulfo
Ficção
«Álvaro Mutis subiu, a passos largos, os sete pisos da minha casa com um pacote de livros, separou do monte o mais pequeno e curto e disse-me, morto de riso:
— Leia isto, carago, para que aprenda!
Era Pedro Páramo.
Nessa noite não consegui adormecer enquanto não terminei a segunda leitura. Nunca, desde a noite tremenda em que li A Metamorfose, de Kafka, numa lúgubre pensão para estudantes em Bogotá — quase dez anos antes —, eu sofrera semelhante comoção (…).
Não são muito mais de 300 páginas, mas são quase tantas, e creio que tão perduráveis, como aquelas que conhecemos de Sófocles.»
Do texto introdutório de Gabriel García Márquez, Prémio Nobel de Literatura
A obra de Juan Rulfo influenciou de forma decisiva autores distinguidos com o Prémio Nobel de Literatura, como Gabriel García Márquez e Octávio Paz.
* Alternativas: Malinche, de Laura Esquível | O Corpo em que Nasci, de Guadalupe Nettel