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Queirosiana

Blogue sobre livros, leituras, escritores e opiniões

5 mulheres escritoras para (re)descobrir a literatura francesa contemporânea

#4 Baú dos Livros

31.05.20

Na literatura tenho sido refém do legado anglo-saxónico - talvez refém não seja expressão mais correta, porque o tenho sido de livre vontade. No entanto, há sempre um je ne sais pas quoi da cultura francesa que, caindo que nem um patinho na crítica de Eça ao povo português, me encanta sobremaneira - na música, no cinema e na gastronomia. Contudo, tal encantamento não se reflete nas estantes da minha casa, são poucos os autores franceses e ainda menos as autoras. Assim, inspirada pelas minhas infindáveis listas de mulheres escritoras, selecionei um grupo de cinco escritoras francesas contemporâneas, com livros publicados nos últimos dez anos e com edições em língua portuguesa, para mergulhar aos poucos na atual literatura francesa escrita no feminino. 

 

Annie Ernaux

Nascida em 1940, graduada em literatura e professora durante grande parte da sua vida. Muitos falam da escrita de Ernaux como autoficção, no sentido de que mistura ficção e biografia, mas a própria escritora recusa esse rótulo. Ainda assim, a verdade é que a sua escrita assume características profundamente introspetivas. Transversal aos seus romances é o toque sociológico, a preocupação por questões sociais e, consequentemente, questões políticas também. Annie Ernaux foi premiada com inúmeros prémios literários, contando o mais recente Prémio Hemingway em 2018. 

Infelizmente não existem muitas edições traduzidas para português da obra de Ernaux, ainda assim podemos encontrar, Uma Paixão Simples, Um Lugar ao Sol e Os Anos todos das edições Livros do Brasil. 

 

Delphine de Vigan

Nascida em 1966, Delphine de Vigan, escritora e romancista, é hoje um dos nomes importantes do panorama literário francês. Os seus livros exploram a relação entre ficção e realidade, sendo uma imersão profunda no que de mais íntimo há em nós. Foi com o seu livro Not et Moi que venceu o Prix des Libraires em 2008 bem como outros prémios, e se dedicou inteiramente à escrita. Not et MoiD’après une histoire vraie foram já adaptados ao cinema. 

Nas livrarias portuguesas podemos encontrar três edições das principais e mais aclamadas obras de Delphine de Vigan, Nô e Eu (Guerra e Paz), A Partir de Uma História Verdadeira (Quetzal Editores) e Lealdades (Gradiva). 

 

Marie Ndiaye

Nascida em 1967 Ndiaye é hoje uma das mulheres escritoras mais importantes em França. Aclamada em 2009 com o Prémio Goncourt pelo romance Trois Femmes Puissantes, NDiaye já se consolidou como um dos grandes nomes da literatura contemporânea francesa. Os seus livros são descritos como complexos e experimentais, não sendo uma leitura ligeira. Os universos dos livros de Ndiaye são, por vezes, sórdidos, imperfeitos, as suas obras falam-nos de famílias fragmentadas, rupturas, crueldade e pela violência.

Infelizmente só apenas uma obra de Ndiaye foi traduzida para português Três Mulheres Poderosas da Texto Editores.

 

Virginie Despentes

Nascida em 1969 Virginie Despentes é uma escritora feminista francesa e cineasta. As opiniões sobre ela e a sua escrita vão do oito ao oitenta, mas a verdade é que ninguém lhe fica indiferente. Com uma história e passado complexos e duros, Despentes utiliza a escrita para romper e criar controvérsia. Fá-lo de forma irreverente, polémica e explosiva. Não tem de concordar com ela, mas Despentes deixá-la-á a pensar. 

Já encontramos edições traduzidas das suas obras em várias livrarias, nomeadamente o seu afamado Teoria King KongVernon Subutex, das editoras Orfeu Negro e Elsinore, respetivamente. 

 

Leila Slimani

Nascida em 1981, Leila Slimani é jornalista, feminista e acérrima defensora dos Direitos das Mulheres. Leila Slimani surge como um dos grandes nomes atuais da literatura francófona. A Vogue descreveu-a como uma escritora com um dom peculiar de contar histórias arrepiantes e desconfortáveis. Slimani ganhou estrelato literário com o seu romance Chanson Douce o qual lhe valeu o Prémio Groncourt em 2016 e entretanto foi já adaptado para o cinema em 2019. 

O reportório de Slimani ainda não é extenso, mas em Portugal já podemos encontrar duas edições traduzidas, Canção Doce e No Jardim do Ogre, ambos da editora Alfaguara Portugal.

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