Agnes Grey (1847), Anne Brontë
Ficção - Romance - Clássicos
Queria ler uma obra de Anne Brontë faz muito tempo. Não fiz a minha estreia com o romance mais famoso da autora, A Inquilina de Wildfell Hall, mas optei antes por ler aquele que foi o primeiro romance publicado da autora - Agnes Grey e arrisquei lê-lo na língua de origem, o inglês.
Publicado inicialmente em 1847, à semelhança de Jane Eyre e O Monte dos Vendavais, das duas outras irmãs Brontë, Agnes Grey está longe de ser tão marcante ou soberbo quanto aqueles. Contudo, apreciei bastante a escrita de Anne, provavelmente, a irmã Brontë menos afamada. Em muitos aspectos encontrei semelhanças com o estilo de Jane Austen, talvez pelo moralismo latente no enredo, e nenhum vislumbre das características de romance gótico que encontramos nas obras das suas irmãs.
Agnes Grey retrata o dia a dia de uma jovem governanta. De acordo com a sua irmã, Charlotte, Agnes Grey é efectivamente um romance auto-biográfico, reflectindo muitos aspectos dos cinco anos da vida de Anne enquanto governanta.
Neste romance-debute de Anne Brontë o foco central está na personagem Agnes, e é com os seus pensamentos, actos e experiências que somos levados ao longo da história. Confesso, a história de Agnes não é muito feliz e está cheia de adversidades, esforço e sacrifício. O retrato da vida de governanta é bastante real e ficamos quase chocados com a opressão e isolamento a que estas estavam vetadas nas grandes casas das famílias aristocráticas inglesas.
O romance segue um estilo moralista e mantém um tom sóbrio e despretensioso. A personagem principal, Agnes, é um reflexo disso mesmo, simples, contida, discreta, reservada e ponderada. Por ser um livro escrito na primeira pessoa, compreendemos que a forte personalidade e carácter com sólidos princípios de Agnes entra muitas vezes em contradição com aquilo que lhe impõem, e sim, Agnes tem de engolir muitos sapos ao longo de todo o romance.
Admito que não consegui vislumbrar final feliz para Agnes, ainda que os obstáculos no caminho fossem diminuindo ao longo da história, mas o último capítulo traz, efectivamente, contentamento ao leitor.