As Máscaras do Destino (1931), Florbela Espanca
Contos - Clássicos
É hábito falar de Florbela Espanca e de poesia. Não é este o caso. Neste singelo livro, Espanca presenteia-nos com oito contos cujo elo comum é a morte.
Embora escrito após e em razão da morte do seu irmão, Apeles, em 1927, num acidade de aviação, As Máscaras do Destino só viria a ser publicado postumamente, em 1931.
Espanca não nos engana e explica logo de início a quem a leia que aquele é um livro dedicado ao seu morto, o seu irmão. O primeiro conto, inteiramente ficcionado em torno de Apeles e do acidente que o arrancou à vida.
Podemos achar, à partida, tratar-se de uma leitura mórbida. Não é, não é em absoluto. É triste, mas é bela. Para quem já leu Espanca, não se admirará com a riqueza poética da sua narrativa, com a beleza intríseca das palavras e das ideias, com um certo romancear nas construções frásicas. Florbela Espanca é uma romântica, ainda que não tenha integrado nenhum movimento literário.
Uma leitura tão singela e profunda que fui abandonando na mesinha de cabeceira, apesar de me ter apegado tanto ao livro e da perda comum que nos une. Fiquei particularmente tocada por três contos, que li e reli, A Paixão de Manuel Garcia, A Morta e o Aviador.
***