Carmilla, Sheridan Le Fanu (1872)
Ficção - Horror/Gótico - LGBT
Uma leitura curiosa e estranhamente moderna. Digo estranhamente porque, embora sendo uma escrita e um enredo singelos, em quase nada denotei o fator temporal desta obra - o de ter sido escrita na segunda metade do século XIX.
Carmilla é um clássico gótico, a história que veio inspirar a famosa criação de Bram Stoker, Drácula. Carmilla é pioneira na abordagem ao folclore dos vampiros, temática que granjeou grande popularidade na literatura desde então. Não sei se pioneira, mas no mínimo, invulgar, é também a abordagem da paixão lésbica.
Com a criação de Carmilla, surgiu aquela que viria a ser das primeiras personagens vampíricas no feminino. O enredo não é extenso ou elaborado, há até algumas dúvidas que subsistem uma vez concluída a leitura. Todavia, é surpreendente e cativante, pelo folclore, pela superstição e pelos mistérios sempre latentes.
No início da história conhecemos Laura, que vive com o seu pai num castelo na região austríaca. Após um espalhafatoso e incrivelmente rápido acidente com uma carruagem, Carmilla torna-se hóspede no castelo da família de Laura. Desde cedo se apresentam aos leitores alguns aspetos invulgares do comportamento e hábitos de Carmilla. Entre Laura e Carmilla desenvolve-se uma intensa amizade que, em muitos momentos, se assemelha a uma relação de paixão sanguínea (literalmente) entre as duas jovens. A determinada altura surge uma estranha doença nas redondezas que provoca a morte a outras jovens e acaba por "infetar" Laura que, em poucas semanas, definha rapidamente até se revelar o segredo de Carmilla e a sua natureza de vampira.
Não se tem de ser um amante do género gótico para apreciar o estilo desafetado e arrojado do romance Carmilla.
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