Macbeth, William Shakespeare (1606)
Peça teatral - Drama - Clássicos
A tragédia medieval Macbeth foi a minha estreia com Shakespeare. Não posso dizer que tenha sido arrebatada, porque não o fui, todavia, saboreio ainda a delícia de ler uma tradução tão sublime. Trata-se de um texto para peça teatral e será nos palcos, certamente, que assume a sua completude.
Macbeth explora o tema da maldade através do conto de um assassínio - um regicídio, para ser mais específica. A personagem Macbeth é inicialmente apresentada ao leitor como alguém com tudo a seu favor, contudo, insuflado pela ambição - ou deverei antes chamar ganância? - é incitado a cometer uma traição e um assassínio e a partir desse momento inicia um penoso caminho de autodestruição, pela consciência da culpa e da maldade dos seus atos, ou talvez não - talvez seja mais o medo de ser descoberto que o move. A sua alma foi de tal modo corrompida pela maldade que não creio existir lugar a remorso na existência de Macbeth.
Paralelamente à maldade de Macbeth, está a sua mulher, Lady Macbeth, descrita como mais ambiciosa e cruel do que o marido - é ela a impulsionadora do crime, porque só tornando Macbeth rei, pode ela tornar-se rainha. Em Lady Macbeth parece existir remorso, na medida em que ela se revela incapaz de lidar com a culpa, terminando com a própria vida.
A título de curiosidade, Macbeth foi um verdadeiro rei Escocês dos inícios do século XI e também a sua história está envolta em assassínios e traições. Mas ainda que o Macbeth de Shakespeare possa ter tido raízes nas personagens históricas, o intento do autor não era a de escrever uma biografia, mas sim o de explorar os temas do poder e da ambição cega e de como ela pode destruir vidas. Bem como o tema da culpa, do remorso e do medo.
Não me confesso ansiosa por regressar a Shakespeare, mas no mínimo, curiosa para segunda ronda com Romeu e Julieta.
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