Trópico de Capricórnio (1939), Henry Miller
Ficção - Clássicos
Ora aqui está o livro responsável por alguma decepção literária, estritamente pessoal. Acho que ruminei este livro durante meses e tornou-se verdadeiramente intragável. Claramente um autor a que não pretendo voltar. Embora o estilo de escrita inicialmente me tenha cativado, é fluído e, em alguns aspetos, libertador; a verdade é que o paradigma de abordagem de alguns temas é terrivelmente machista e, creio, ter sido esse o grande entrave à leitura.
Escrito em 1939, Trópico de Capricórnio assume-se como a sequela de Trópico de Câncer, o primeiro livro de Miller, publicado em 1934. É um romance semi-autobiográfico que foi proibido nos Estados Unidos até que, em 1961, o Ministério da Justiça o autorizou, levantando a ideia de que era um livro obsceno. Ambientado em Nova Iorque, na década de 20 do século XX, revisita uma cidade onde o narrador, cuja vida é em quase tudo paralela à do próprio Henry Miller, se sente claustrofóbico, preso às expectativas superficiais da sociedade e condenado a tornar-se mais uma peça do sistema. Apesar das experiências vividas pelo narrador e pelo autor serem semelhantes, a obra é considerada ficcional.
A figura feminina em Miller surge destituída de sujeito e, perspetivada de forma objetificada, muitos momentos do livro são, à falta de outro adjetivo, repulsivos. Posso, obviamente, ter interpretado erroneamente a obra. Mas não gostei e só porque tenho imensa dificuldade em "desistir" de livros é que insisti na leitura. Neste caso foi um erro, pois após este livro, fiquei meses sem qualquer interesse em pegar noutro.